Autor: José Carlos Camillo Castro Neto
Resumo:
Esta dissertação tem como objetivo estudar o funcionamento da interpretação dos atos
de fala. Desse modo, o problema principal que será lidado aqui é: como a abdução peirceana
pode ajudar a estabelecer uma proposta de modelo interpretativo que se encaixe à teoria dos
atos de fala de Searle? Antes da pesquisa, contudo, algumas escolhas foram tomadas. Primeiro,
a aceitação da teoria dos atos de fala como uma proposta aceitável para se estudar a linguagem
natural. E segundo, o entendimento de que a Intencionalidade tem um papel importante na
produção e interpretação da linguagem. A partir disso, a teoria dos atos de fala conforme
proposta por John Searle foi analisada e, segundo ela, a interpretação consiste na aplicação de regras convencionadas da linguagem. Contudo, essa explicação não consegue dar conta de
casos como a metáfora em que as regras convencionadas não são suficientes para que a
interpretação seja bem-sucedida. Por isso, a semiótica de Charles Peirce foi analisada para, por meio de comparação, entender o que estava faltando na teoria de Searle e ver se esta lacuna em Searle, suprida pela semiótica peirceana seria necessário para explicar o processo interpretativo nos casos lacunosos dos quais a metáfora faz parte. O que se percebeu foi o papel da abdução na interpretação que não aparece na proposta searleana. Definir abdução, contudo, não é tarefa fácil, mas uma definição que satisfaz a teoria peirceana e que se harmoniza com evidências empíricas é que abdução é um conjunto de regras estratégicas, a saber, o princípio da coerência, o princípio da economia e o princípio da não-contradição. Dessa forma, este estudo conclui que a interpretação de atos de fala é a aplicação de dois tipos de regras: as regras convencionais da linguagem e as regras estratégicas, que constituem a abdução.