Autora: Yasmin Nobre da Silva
Resumo:
Esta dissertação, intitulada Ser mulher e ser mulher negra: caminhos de uma emancipação epistêmica, busca investigar uma teoria que aponte para um caminho de libertação para as mulheres negras, investigando se este conceito ―mulher‖ exclui as mulheres negras dos espaços de poder de modo mais socialmente profundo. Começa explicando as implicações sociais, políticas e epistêmicas que ocorreram como consequências de ideias filosóficas propagadas principalmente no período iluminista sobre o que é uma mulher. A ideia de humanidade era concebida por meio de sujeitos homens e europeus, excluindo todos os não pertencentes a este grupo e os classificando como irracionais. Diante das questões apresentadas por Simone de Beauvoir, sobre o processo de apagamento epistêmico, político e social das mulheres europeias, questiona-se o lugar epistêmico e consequentemente social das
mulheres negras em um âmbito geral e dentro do próprio feminismo. Para tal discussão, fez-se uso da obra de Ângela Davis, problematizando a questão das mulheres negras, que não correspondem à definição de segundo sexo de Beauvoir. Mas onde estaria a consolidação da subordinação das mulheres negras? Nas diversas opressões. E como são fundadas tais opressões? Esta questão é tratada no segundo capítulo por meio de análise das construções filosóficas e sociais acerca de quem é o sujeito do conhecimento. Nesse capítulo, a proposta é analisar a ideia tradicional de um sujeito epistêmico descorporificado e como tal noção afeta o conhecimento de pessoas que não se encaixam nos seus moldes. No percurso para responder a essas questões, foi lançado mão de epistemólogas feministas, como Sandra Harding e Miranda Fricker, para demonstrar como a noção de um sujeito universal é um problema na produção de conhecimento, pois só permite a um grupo restrito produzi-lo nos moldes tradicionalmente postos. No terceiro capítulo as injustiças epistêmicas que acometem a vida das mulheres negras em situações socialmente desvantajosas são apresentadas. Fazendo uso da teoria sociofilosófica de Patrícia Hill Collins, tem-se um diálogo com o capítulo 2 para buscar identificar e conceituar como as mulheres negras lidam com esse apagamento estrutural e se organizam para produzir conhecimento e desfazer os estereótipos lançados sobre elas.